O vestuário há muito que deixou de ser apenas uma necessidade. A roupa é mais que uma forma de proteção ou instrumento de suporte às atividades humanas. A moda faz parte do nosso quotidiano. De forma deliberada ou subconsciente, a maneira como nos vestimos é uma extensão da nossa personalidade. Faz parte do nosso processo identificativo, mas também da relação com o outro. Comunicação não verbal, de valor universal e parte vibrante dos códigos sociais das sociedades modernas. Falámos com a Carla Cabeleira, a alma da L3C, e descobrimos como “vão as modas” pelo município.
O que a levou a ser comerciante em Azambuja?
Este projeto nasceu da necessidade de abrir em Azambuja uma loja com calçado, acessórios e roupa que estivesse de acordo com as necessidades que eu própria tinha. Quando queria comprar certas coisas, ou certas marcas, tinha de ir um pouco mais longe. Apostei num projeto em Azambuja que me oferecesse marcas, que eu apreciava enquanto consumidora, e das quais tinha bom feedback em termos de qualidade. A minha política aqui na loja sempre foi oferecer produtos de qualidade de marcas portuguesas. A ideia não é ter muitas marcas, mas variedade e diversidade. Um pouco de tudo, para todos os estilos, abrangendo a faixa etária dos 20 aos 60 anos. Optei também por algumas marcas um pouco mais clássicas para esse efeito. Em relação ao calçado, como sou um pouco exigente com o conforto e durabilidade, optei sempre por marcas de qualidade e maior durabilidade, em relação a calçado de qualidade inferior. Essa foi uma excelente aposta.
Normalmente é nas grandes crises e consequentemente nos momentos mais complexos que surgem também novas oportunidades. O que é que a pandemia trouxe de positivo ao comércio?
A pandemia gerou diferentes oportunidades, no sentido em que todo o comércio teve que se adaptar. Tenho esta loja há 11 anos e tenho vindo a apostar, cada vez mais, nas vendas online.
Obviamente houve uma grande adaptação. Com o confinamento tínhamos as lojas físicas fechadas e, cada vez menos, as pessoas vinham à loja, mesmo quando reabrimos. Fui fazendo pequenos vídeos e histórias para publicar nas redes sociais.
O resultado foi bom. Abrangi mais pessoas e tive sucesso online durante o confinamento. As pessoas tiveram algum receio - obviamente mais do que agora - mas continuei a vender. Adquiri novas clientes que começaram a ser como uma família. Embora não as conheça fisicamente, conheço-lhes o gosto pessoal, o estilo... Tornou-se uma relação mais do que profissional.
Azambuja é uma terra de tradições. Tem alguma história que possa partilhar?
Sim, é uma terra de tradições em que há muito o espírito de fazer mais e melhor pelas pessoas que aqui vivem. Temos de continuar a fazer o que fizemos até agora: criar novos projetos, avançarmos e não ter medo de arriscar! Manter uma atitude positiva, pois as pessoas vão-se adaptando àquilo que existe na terra. Com a pandemia as pessoas vão cada vez menos a grandes espaços comerciais. O fato de sermos da terra é uma mais-valia. Temos muito a ganhar neste momento. Não só em Azambuja, mas noutras terras pequenas, claro.
O que podemos fazer mais pela terra para que nos próximos 10 anos tenhamos um Concelho com mais oportunidades e de maior crescimento?
É crescer e ter diversidade. Estamos numa terra pequena, com muita gente a viver cá, além de que temos um polo industrial muito vasto, tudo isso ajuda. Acho que isso é uma vantagem para quem quer arriscar.
O passa-palavra ajuda muito. Uma cliente passa a palavra à outra que sabe que eu tenho algumas marcas. Por sua vez, essas pessoas vêm à loja à hora de almoço e tornam-se clientes. Algumas nem sequer são de cá. Como disse há pouco, é continuar a fazer o que fazemos. Sobretudo, não ter medo de arriscar. Temos de ter paixão pelo que fazemos e acreditar, para termos sucesso no nosso projeto.
Quando vejo que uma cliente se sente mais leve, mais bonita… isso faz-me sentir muito bem e, acima de tudo, realizada. Vejo o reflexo do meu trabalho e da minha dedicação!
Saiba mais sobre esta loja em https://www.facebook.com/L3CLDA/
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